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Sofrimento na vida e na morte

SORONGO FOI ENTERRADO EM UMA COVA NA AREIA DA PRAIA. NA CASINHA DE TAIPA ONDE MORAVA, MUITOS OLHARAM COM DESPREZO PARA O CADÁVER QUE FEDIA

Publicada em 24/08/16 as 08:29h por Jornal O POVO - 416 visualizações

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 (Foto: Rafael Cavalcante)
À margem da estradinha de terra batida que vai dar na praia, o jazigo erguido sobre a duna fixa passa despercebido aos que não são do lugar. A simples menção a João Sorongo, porém, faz brotar nas pessoas do pequeno lugarejo de Parajuru, em Beberibe, no litoral leste do Estado, o sentimento e a certeza de que se está diante do túmulo de um milagreiro. Solitário e pobre, Sorongo morreu à míngua lá pelos idos da década de 50 do século passado. Ninguém sabe o ano. Da sua história, o fato que contemporâneos lembram, era o de que mendigava, sobrevivendo da caridade das pessoas. Aqui, acolá, consertava relógios e máquinas de costura. A origem e a idade são desencontradas. 

 

Os mais antigos contam que Sorongo apareceu pela primeira vez em Parajuru acompanhado de uma criança, que de vez em quando mendigava com ele. O jovem, seu filho, viria a morrer ainda adolescente em alto mar quando o bote no qual pescava virou. Dizem que nunca se recuperou da tragédia, passando a beber muito depois do fato. Como na vida, a morte de Sorongo também foi sofrida. Faleceu vitimado por infecção que deixou seu corpo coberto de feridas. "Sentia muitas dores e os tumores pelo corpo não cicatrizavam", conta dona Oscarina Marcelino Monteiro, que o conheceu jovem e lembra dele como pessoa baixa e gorda.


O estado de decomposição no qual se encontrava o corpo ampliou o sofrimento da alma e fez surgir a solidariedade entre moradores do lugar. Encontrado no casebre menos de uma semana depois de sua morte, o cadáver gerou repulsa dos poderosos do lugarejo, que não permitiram o enterro no cemitério da localidade. Havia o medo de contaminação. Segundo Elias Lima dos Santos, 71, conhecido como Eliezer, como o cemitério ficava longe do casebre, não queriam deixar o corpo passar pelo meio do povoado para não contaminar ou chocar as pessoas. A solução foi cavar uma vala e sepultar ali mesmo próximo para que ninguém se aproximassem.


Sorongo foi esquecido por cerca de dez anos, conta Eliezer, até que um fato inusitado chamou a atenção dos moradores. O relato da primeira graça diz que dona Doroteia, respeitada senhora da comunidade, teve a máquina de costura enguiçada. O conserto só poderia ser feito em Aracati, cidade de difícil acesso à época. Já sem esperança de recuperar a máquina, apelou para a alma de Sorongo, que em vida fazia consertos esporádicos desse equipamento. O apelo foi feito à noite. No dia seguinte, pela manhã, a máquina voltou a funcionar. A notícia se espalhou e várias pessoas passaram a se socorrer dele ao correr dos anos.


Em Parajuru não é difícil encontrar os que se dizem atendidos pelas graças. Hoje, tem gente que vem de fora do estado fazer promessa para ele, diz Maria Ilza Monteiro, 75. Ela mesma garante que nunca fez, mas conhece várias pessoas que fizeram e alcançaram os pedidos. Na igreja chegam a dedicar missas em sua intenção. Em frente ao túmulo, soltam fogos em sua homenagem, relata seu Eliezer. "Têm ele como um santo. Eu não, mas acreditar é uma questão pessoal, de cada um. As pessoas fazem oração, acendem velas, soltam fogos. Eu acho que é ilusão, mas as pessoas precisam da fé para viver", reitera.


São essas mesmas pessoas que precisam de fé que cuidam de forma voluntária do túmulo de Sorongo. Ajeitam o local, capinam, colocam velas, limpam, embelezam e não deixam profanar.

 






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