Deus não está em
promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os
momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência
à sensibilidade como via de acesso a nós. Mas valorizo essas aparições como se
fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma. Quando Deus
aparece pra você? Pra mim, ele aparece sempre através da música. Pode ser uma
música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento
exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a
música me transcende. Deus me aparece nos livros, em parágrafos em que não
acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um
ser mais que humano. Deus me aparece - muito! - quando estou em frente ao mar.
Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas
entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus,
se ele tivesse uma. Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que
parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país
distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus
aparece nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença
desse cara. E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece, aí tenho certeza
de que ele está mesmo comigo.