Redes Sociais

Nosso Whatsapp

 88 9 9475 7536

Encontre o que deseja

NO AR

ALVORADA COM MARIA

    Brasil

Dia dos Namorados: Paulo Coelho faz declaração de amor emocionante à mulher

O escritor e a artista plástica Christina Oiticica estão casados há 29 anos

Publicada em 12/06/17 as 18:20h por Paulo Coelho - 322 visualizações

Compartilhe
   
Link da Notícia:
 (Foto: Xurxo Lobato/Getty imagens)

O mago Paulo Coelho fez uma declaração apaixonada à mulher, Christina Oiticica. A artista plástica publicou o belo texto eu seu site. O escritor relembra como eles se conheceram e faz elogios à técnica inovadora de pintura desenvolvida por ela. Christina roda o mundo enterrando seus quadros, para desenterrar tempos depois  - a natureza a ajuda a finalizar as obras. O resultado é surpreendente. O belo texto de Paulo Coelho é muito oportuno neste Dia dos Namorados. Abaixo, o texto na íntegra: 

A Rosa Dourada - Paulo Coelho

Acabei de jantar, agora estou tomando café e contemplando a pintura à minha frente: foi colocada em um rio e foi deixada lá por um ano, esperando que a natureza desse o toque final ao trabalho do pintor.

Metade da pintura foi levada pelas águas e mau tempo, de modo que as bordas são desiguais, mas mesmo assim ainda consigo ver parte da linda rosa vermelha pintada em um fundo dourado. Conheço a artista. Lembro-me de 2003, quando juntos fomos a uma floresta nos Pireneus, descobrimos o riacho — que naquele momento estava seco — e escondia a lona debaixo das pedras que cobriam o leito do rio.

Conheço a artista, Christina Oiticica. Neste exato momento, está fisicamente a uma distância de 8.000 quilômetros e, ao mesmo tempo, ela está em tudo ao meu redor. Isso me faz feliz: mesmo depois de 29 anos de casamento, o amor é mais intenso do que nunca. Nunca imaginei que isso acontecesse: eu estive em três relacionamentos que não funcionaram bem e estava convencido de que o amor eterno não existia até que ela veio — em uma tarde de Natal, como um presente enviado por um anjo. Nós fomos ao cinema. Nós fizemos amor naquela mesma noite. 

Pensei comigo mesmo: "Isso não vai durar muito". Durante os dois primeiros anos, sempre esperava que um de nós desistisse do relacionamento. Nos cinco anos seguintes, continuei pensando que era apenas um arranjo, que em pouco tempo cada um de nós seguiria o nosso caminho. Eu me convenci de que qualquer compromisso de uma natureza mais séria me privaria da minha "liberdade" e me impedisse de experimentar tudo o que eu queria.

Vinte e nove anos depois, ainda estou livre — porque descobri que o amor nunca nos escraviza. Eu sou livre para virar minha cabeça e vê-la dormindo ao meu lado. Essa é a foto que eu tenho no meu celular. Eu sou livre para nós sairmos, desfrutarmos um passeio, continuar falando, discutindo — e ocasionalmente brigando, como sempre. Eu sou livre para amar como nunca amei antes, e isso faz uma grande diferença na minha vida.

Christina Oiticica - artista plástica desenterra obras na Itália (Foto: Divulgação)

Voltemos à pintura e ao rio: foi o verão de 2002, já era um conhecido escritor, eu tinha dinheiro, senti que meus valores básicos não mudaram, mas como eu poderia ter certeza absoluta? Testando.

Alugamos um pequeno quarto em um hotel de duas estrelas na França, onde começamos a passar cinco meses por ano. O guarda-roupa não podia aumentar, então tivemos que limitar nossas roupas. Nós vagamos pelas florestas, jantamos, passamos horas conversando e fomos ao cinema todos os dias. A simplicidade de tudo confirmou para nós que as coisas mais sofisticadas do mundo são precisamente aquelas que estão ao alcance de todos. Tudo o que eu precisava para o meu trabalho era um computador portátil. Mas acontece que minha esposa é ... uma pintora.

E os pintores precisam de estúdios gigantes para produzir e manter seu trabalho. De jeito nenhum, eu queria que ela sacrificasse sua vocação por mim, então eu propus alugar um lugar. No entanto, olhando ao redor, vendo as montanhas, os vales, os rios e os lagos, as florestas, ela pensou: por que não trabalho aqui? E por que não deixar a natureza trabalhar comigo?

E assim nasceu a ideia de "armazenar" as telas ao ar livre. Eu carreguei meu laptop e continuei escrevendo. Ela se ajoelhou na grama e pintou. Um ano depois, quando removemos as primeiras pinturas, o resultado foi original, magnífico.

Vivemos nesse pequeno hotel por dois anos inesquecíveis. Ela continuou a enterrar suas telas, não por necessidade, mas porque descobriu uma nova técnica. A Amazônia, Mumbai, o Caminho de Santiago, Lublijana, Miami. Hoje ela está longe, mas amanhã ou na próxima semana ela estará próxima novamente, dormindo ao meu lado. Contente, porque seu trabalho está começando a ser reconhecido em todo o mundo.

Neste momento, vejo apenas a rosa. E agradeço ao anjo que me deu dois presentes naquele Natal de 1979: a capacidade de abrir meu próprio coração e a pessoa certa para recebê-lo.






ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.

Deixe seu comentário!

Nome
Email
Comentário


Insira os caracteres no campo abaixo:


Nosso Whatsapp

 88 9 9475 7536

Visitas: 1406229 | Usuários Online: 11

Venha fazer parte da Rádio do Bem, junte-se a nós na missão de semear a Paz e o Bem pelo Planeta. - Todos os direitos reservados

Converse conosco pelo Whatsapp!