Um grupo de 53 detentos de Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, está fazendo história. Vestidos de beca e com a alegria estampada no rosto, eles se juntaram para receber o diploma de conclusão dos cursos de informática e segurança do trabalho.
A iniciativa é inédita em Minas Gerais e envolveu os detentos do Complexo Penitenciário Público-Privado (CPPP). Emocionante, a cerimônia teve tudo que um formando tem direito, música, beca, certificado e o mais importante, a presença e o prestígio de familiares das pessoas em situação de prisão.
Falando ao jornal Estado de Minas, Igor Miron Costa, há cinco anos detido, não segurou a alegria de ter conseguido terminar o curso. Acompanhado da mãe e irmã, o jovem lembrou que já pode dizer que tem uma profissão. "É um sentimento de gratidão e de orgulho por conquistar isso para minha família. Minha autoestima agora está alta. Vejo que antes sairia sem formação".
O projeto é fruto de parceria entre Fundação de Educação do Trabalho (Utramig), MRV Engenharia e Gestores Prisionais Associados (GPA). Ao todo foram 18 meses de aula, sendo que 80% do conteúdo foi dado a distância e 20% dos encontros presenciais. Os participantes, que tiveram lições de português e matemática, foram aprovados pelo Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais.
Fundamental para o processo de ressocialização dos infratores, a iniciativa contribui para a mudança de um cenário preocupante. Com mais de 726 mil presos, o Brasil é dono da terceira maior população carcerária do mundo, sendo que 40% são presidiários provisórios, ou seja, ainda não foram julgados e condenados. Outro motivo de preocupação é o racismo, pois segundo dados do Infopen - Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, 64% dos detidos são negros.