Faz cerca de 20 anos que o indiano N.S. Rajappan, 69, encontrou no rio próximo à sua casa um novo propósito de vida.
Todos os dias, antes mesmo do Sol nascer, o idoso, que é paralítico, rasteja até seu barco para ficar até o anoitecer fazendo aquilo que mais gosta: contribuir na despoluição do rio Meenachil, no Estado de Kerala, que passa ao lado de sua casa e tem garantido água para a família de Rajappan desde que ele era criança.
Quando pequeno o indiano contraiu poliomielite, que lhe deixou com sequelas permanentes, como a paralisia, a perda da força muscular e dos reflexos.
Durante boa parte de sua vida, Rajappan sofreu por ser subestimado nos trabalhos que conseguia, devido à condição física. Felizmente, na coleta de lixo, sobretudo garrafas plásticas encontradas no rio, ele encontrou uma atividade que lhe dá prazer e lhe agrada.
Todos os resíduos coletados na água são limpos, secos e preparados para a reciclagem na casa do idoso. Cerca de uma vez por mês, um órgão ambiental local passa no vilarejo para coletar os recicláveis.
No ano passado, o trabalho voluntário de Rajappan se tornou reconhecido internacionalmente graças ao fotógrafo Nandu Ks, que fez um registro e o compartilhou no Facebook.
Com a ampla repercussão da imagem, o indiano pôde realizar o maior sonho que tinha na vida: ampliar o impacto positivo que causava por meio de seu trabalho como catador.
Com a ajuda de doações do mundo inteiro, ele ganhou um barco maior para coletar ainda mais recicláveis no dia a dia.
Antes, em seu antigo barco rural, cabiam apenas 4 sacos de plástico por viagem.
A história de vida de Rajappan é uma verdadeira lição de inspiração e autoconsciência para as pessoas que tiveram o privilégio de conhecer seu trabalho.
Meses depois de sua foto viralizar, o indiano também ganhou uma cadeira de rodas motorizada e tem recebido acompanhamento médico para sua paralisia.
No prêmio “Shining World Awards”, realizado anualmente, Rajappan foi reconhecido na categoria “Proteção da Terra”, concedida pelo governo de Taiwan e entregue pela filantropa ‘Suprema Mestra Ching Hai’.
E mais: o catador de recicláveis ganhou US$ 10 mil (740 mil rúpias indianas) por seus esforços à conservação do meio ambiente, que ele pretende utilizar para reconstruir sua casa no vilarejo onde mora, destruída parcialmente por uma enchente.