Não faz muito tempo, o Sebrae apontou um dado preocupante: apenas 34% dos negócios brasileiros são de mulheres. As razões para isso são muitas e uma das principais é o preconceito que ainda existe em algumas áreas, como a da Priscila Santos, por exemplo.
Negra, ela foi adotada por uma família da roça do Espírito Santo. Saiu da casa dos pais para investir em sua empresa de guincho e hoje, aos 36 anos, é a maior empresária do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Isso que é poder! 👏
A Rebocar nasceu em 2008, na cidade de Vargem Grande (RJ), onde até hoje está a sua matriz. Mas a caminhada da Priscila começou bem antes, lá no Espírito Santo.
Não pense que o sucesso de Priscila chegou rápido e fácil! Ela conta que já dirigiu muito reboque, inclusive teve que levar o filho algumas vezes. “O pessoal estranhava quando via que era uma mulher, mas comigo não tem tempo ruim, o que precisar no trabalho eu faço”.
Priscila também afirma que sofreu muito preconceito em seu mercado. Quando viam que uma mulher chegava nas empresas para reuniões e era ela quem estava no comando da Rebocar, a tratavam com indiferença.
“Em muitas delas já fiquei sozinha na sala, porque eram só homens. Eles levantavam e iam embora quando viam que iam tratar com uma mulher. Diziam que mulher não sabe negociar, que não entende o ramo, que fala demais”, conta.
Dificuldades com o fim do casamento
Priscila começou a Rebocar com o ex-marido. No entanto, ela conta que foi iniciativa sua comprar os primeiros carros. Eles então mudaram para Guarapari (ES), onde adquiriram dois guinchos para iniciarem o negócio.
Só que pouco tempo depois ela descobriu uma traição do então companheiro, o que desestabilizou sua vida como mulher e empresária. “Eu tinha 27 anos na época, dois filhos, a vida estava estável, era um casamento que parecia perfeito; fiquei sem chão”
Separada, Priscila enfrentou uma briga judicial com o ex-marido para ficar com a sua empresa. A primeira decisão da Justiça levou a empresária a se afastar do seu negócio. Sem desistir, ela vendeu joias e o carro para pagar um advogado e conseguiu recuperar a Rebocar.
Foi quando a maior oportunidade de sua vida surgiu. Priscila recebeu um convite de uma seguradora para atuar no Rio de Janeiro. Ela deixou os filhos com o ex-marido por um ano e foi tentar se reerguer na nova cidade. Só que, mais uma vez, nada foi fácil.
“Os homens não facilitavam, queriam se relacionar comigo em troca de apoio para minha empresa. Me chamavam de laranja, de forasteira, achavam que eu era herdeira por ser jovem, diziam que devia ter algum político por trás. Foi quase um ano de luta diária”, relembra.
Hoje, Priscila superou todos esses obstáculos e se consolidou em seu mercado. Ela conta com uma frota de mais de 50 caminhões-guincho e realiza de dois a quatro leilões de veículos por mês. A empresária diz gostar de incentivar outras mulheres a investirem em seus sonhos, por mais difíceis que eles pareçam.
“Eu acredito que todo mundo tenha uma missão e a minha é ajudar pessoas. Tento ajudar com conhecimento, oportunidades, porque já fui muito desacreditada na minha vida, por muitas pessoas. No início, até eu mesma olhava para aquelas pessoas e não me sentia segura comigo, tinha medo. Até que vi que estava me causando sofrimento. Hoje não preciso provar nada, o mercado está aí para todos, as mulheres estão mostrando sua força, são excelentes profissionais”, finaliza.
Que força hein, Priscila! Parabéns e ainda mais sucesso!
Sabe outra história incrível? A da Andressa! Aos 21 anos ela tem a própria empresa de polimento de caminhões e, assim como a Priscila, fala que precisa enfrentar vários preconceitos em sua profissão. Clique aqui e leia matéria completa sobre esta jovem empreendedora!
Fonte: UOl