Aos 69 anos, a aposentada Maria Alice Gomes, é um exemplo de determinação e garra: começou a estudar e vai fazer faculdade. Detalhe: apenas recentemente deixou a estatística dos analfabetos, agora já sabe ler e escrever. Mas quer muito mais.
Moradora de São José dos Campos, em São Paulo, Maria Alice, que é da Paraíba, sempre sonhou em ser professora. Mas as dificuldades da vida a fizeram abandonar a escola ainda criança.
A vida seguiu o curso natural: Maria Alice casou, divorciou e agora resolveu olhar para si e para seus sonhos. “Não tem idade pra aprender a ler e escrever, só basta querer. Diga pra você mesmo: ‘eu quero, eu posso e eu consigo’. E com respeito, carinho e humildade, com todos os nossos professores, chegamos muito longe”, disse.
Orgulho danado
Apesar de não saber ler nem escrever, Maria Alice conseguiu emprego e formar a filha.
“Sou paraibana de sangue, joseense de coração. Mesmo analfabeta, eu consegui emprego, consegui a minha casa própria, tenho minha filha estudada, então acho que posso dizer ser uma vencedora no Vale do Paraíba”, disse.
Segundo ela, agora matriculada no EJA, o sonho de ingressar numa faculdade está próximo. “A educação é a base de tudo”, ressaltou ela ao G1.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de analfabetos acima dos 15 anos representa 7% dos brasileiros, o equivalente a 11,4 milhões sem saber ler e escrever.
Porém, o dado positivo é que a taxa de analfabetismo vem diminuindo ao longo dos anos, sendo que em 2010 era de 9,6% e em 1940, quando o Censo começou, era de 56%.
Em 2023, a taxa de analfabetismo para pessoas com 60 anos ou mais era de 15,4%.