Se ainda restam dúvidas de que a natureza nos dá tudo e mais um pouco para a sobrevivência, aqui vai mais uma Razão para Acreditar nessa teoria. Isso porque alunos do ensino médio da Bahia ganharam até um prêmio nacional ao catalogar plantas medicinais, chegando até 73 espécies encontradas apenas em jardins das casas de Rio do Antonio, cidade a 717 km de Salvador.
O grupo de estudantes do Colégio Estadual do Rio do Antônio desenvolveu, durante uma aula de ciências, um debate sobre a abundância de plantas com propriedades medicinais dentro e fora do meio rural do município. Assim como eles, muitas pessoas desconhecem os usos das mesmas ou sequer as reconhecem quando batem o olho. A diferença foi que essa turma resolveu fazer alguma coisa em relação ao tema e desenvolveu um belo trabalho.
Proposto pela professora Eloísa Martins, do Clube de Ciências, o estudo chamado "Utilização de Plantas Medicinais no Município" resultou em 73 espécies, catalogadas junto com o nome científico de cada espécie botânica, seu uso e suas contraindicações. Com base numa pesquisa feita com moradores acima dos 50 anos, que têm grande conhecimento e as utilizam em casa, os alunos conseguiram complementar as informações e levar a pesquisa mais a fundo. "As atuais gerações, até pela praticidade, vão à farmácia e compram o remédio. [O tempo] vai passando e [as pessoas] esquecem suas raízes e que essas plantas podem substituir os medicamentos. Dá para perceber que o conhecimento dos idosos é amplo, mas é pouco valorizado", destacou o aluno Raul Guedes ao site oficial do Criativos da Escola.
Entre as descobertas, sabia que a planta Losna ajuda a combater as cólicas menstruais? E que a planta Buscopan contribui com o combate a dores de cabeça? Aí vai mais uma: a planta Arruda pode ser utilizada no tratamento de doenças cardíacas!
Mesmo diante as dificuldades, como a falta de laboratório e equipamentos adequados dentro da escola, os estudantes não desistiram da ideia. Como alternativa, o grupo realizou uma parceria com outra escola do município. "Fizemos uma miniaula sobre microscopia e depois os alunos do grupo foram tentar identificar as plantas no microscópio. Porém essa parceria não durou e ficamos limitados pela falta de recursos e de equipamentos", relatou Eloísa.
Até na hora de criar uma estufa de armazenamento, o grupo tratou de usar a criatividade e colocar a mão na massa. Com ajuda de um marceneiro, fizeram prensas de madeira e usaram diversos materiais como lâmpadas, isopor e papel alumínio para montar uma mini-estufa. Ainda assim, é preciso de apoio para que o projeto seja ampliado. "Conseguimos uma sala para guardar os materiais, mas não temos recursos nenhum. Para trabalhos futuros, para um resultado melhor, a gente precisa de apoio porque tem muita coisa que fica inviável tirar do nosso próprio bolso", lamentou Raul.
A projeto foi premiado pelo Desafio Criativos da Escola 2016, uma iniciativa global - com nome Design for Change ao redor do mundo - cujo objetivo é oferecer às crianças e adolescentes a oportunidade de transformar a realidade que os rodeia. No Brasil, é representado pelo Instituto Alana, que promove histórias e busca envolver e estimular educandos e educadores de diferentes áreas no engajamento e na atuação em suas comunidades.
No momento, o catálogo está sendo aprimorado para então ser disponibilizado a todos. No vídeo abaixo, eles resumem exatamente o que falamos no início desse texto: "O mais legal foi descobrir junto com os idosos que a natureza é a verdadeira mãe da medicina". Brotando ideias tão incríveis assim, essa turma vai longe!