Sentados à beira do rio, dois pescadores seguravam suas varas à espera de um peixe. De repente, gritos de crianças trincam o silêncio. Assustam-se. Olham para a frente. Nada. Olham para trás. Nada. Os berros continuam e vêm de onde menos esperavam.
A correnteza trazia duas crianças quase afogadas, pedindo socorro. Jogam fora suas varas e pulam na água. Mal conseguem salvá-las com muito esforço, eles ouvem mais berros e notam que mais quatro crianças descem desesperadas rio abaixo. Ainda sem fôlego, pulam novamente - duas delas não se salvam.
Aturdidos, os dois não quiseram acreditar quando ouviram uma gritaria ainda maior. Dessa vez, eram oito seres se debatendo na água.
Um dos pescadores, vira as costas para o rio e começa ir embora. Seu amigo exclamou: - Você está louco? Não vai me ajudar? E ouviu uma resposta serena: - Faça o que puder. Vou tentar descobrir quem está jogando as crianças no rio.
Que esse texto ajude-nos a refletir sobre o nosso comportamento com as nossas crianças. Quantas estão diariamente sendo jogadas no rio a partir de tantas dores da sociedade e que passam aos nossos olhos e fingimos não ver.