Domingo, 5 de novembro, é o Dia Nacional da Cultura. Em tempos onde algumas pessoas querem definir e restringir o que é arte, a palavra diversidade deve ganhar contorno político de existências e de resistências em torno do fazer, do sentir e do pensar artístico e cultural brasileiro contra qualquer tentativa de criminalização das artes. Essas pessoas que se arvoram a classificar as artes não são só ignorantes ou fascistas. Tratam-se de oportunistas políticos que querem ganhar no grito, na violência, na manipulação e no discurso limitado do ódio e do medo. Não têm repertório cultural, acadêmico ou qualquer sensibilidade para o debate. Aliás, são avessos ao diálogo. Por isso que são avessos à arte e à diversidade e, creio, não tenham o hábito da fruição artística e do consumo cultural. Possivelmente não frequentam teatros, cinemas, museus e passam longe das bibliotecas. Mesmos aqueles que são dogmáticos com suas crenças, não conseguem perceber que quando os Deuses e Deusas - independentes de suas matrizes religiosas - criaram o mundo, fundaram com ele a diversidade. Inclusive, a diversidade de manifestar nossa relação com os sagrados.
Por isso, na data em que celebramos o Dia Nacional da Cultura, nada é mais necessário do que a celebração da diversidade. Ela deve ganhar centralidade na agenda das políticas públicas - sobretudo nas de cultura e educação - com a afirmação da diversidade étnica, de gêneros, religiosa, regional, ambiental, artística e cultural. No Estado do Ceará a promoção da diversidade é princípio, diretriz e objetivo das políticas culturais, traduzidas no Plano Estadual de Cultura sancionado pelo governador Camilo Santana.
É com essa premissa e vibração que trabalhamos, compreendendo que a cultura e as artes são fatores indispensáveis de humanização - por isso se constituem como direitos - e de expansão de horizontes, conhecimentos, sensibilidades e de capacidades críticas e inventivas para a construção perene de um mundo com mais liberdade, solidariedade e justiça social. Afinal, se cultura é no mínimo dois é porque ela é um saber/fazer comum, comunitário, solidário, amoroso e diverso. Então, viva a cultura em sua diversidade porque toda maneira de amar e de fazer arte vale a pena quando a alma não é pequena.
Fabiano dos Santos Piúba
fabianopiuba@gmail.comHistoriador, educador e secretário da Cultura do Estado do Ceará