Os clientes de uma rede de postos combustíveis de Marília (SP) já se acostumaram com uma presença constante no momento do abastecimento de seus carros: além dos frentistas, Pernambuco está sempre lá, atento, todos os dias, aparentemente "fiscalizando" o atendimento. Porém, na verdade ele está à espera de um aceno, um afago ou mesmo uma coçada na cabeça.
Pernambuco, ou apenas "Buco" para os mais íntimos, é um típico cão sem raça definida que vive no posto e já é conhecido dos clientes.
Mas recentemente assumiu um novo patamar depois que ganhou um crachá da empresa com direito a nome e foto. Agora, os clientes fazem fotos ao lado de Buco e o simpático cãozinho começa a aparecer também nas redes sociais.
Roberta Torres, proprietária da rede, explica que Pernambuco apareceu há cerca de sete anos, quando perambulava pelas ruas próximas a uma das unidades da rede de postos, na região do aeroporto da cidade. Foi resgatado, tratado e adotado por funcionários.
Roberta explica que funcionários e clientes são solidários no trato do Pernambuco, seja com a doação de ração, cuidados veterinários ou consultas e vacinas, que estão sempre em dia.
E ele tem muitos amigos, um exemplo disso é que quando Pernambuco foi atacado por um cão de grande porte e precisou de uma cirurgia de alto custo, por isso funcionários e clientes "fizeram fila" para bancar o procedimento.
Pernambuco frequenta duas das unidades da rede de postos, distantes cerca de 500 metros uma da outra, e a rotina que mantém há anos.
Logo pela manhã, ele deixa o posto localizado ao lado do aeroporto, onde gosta de dormir, e segue para a outra unidade onde passa o dia.
Ao chegar no segundo poste, o cão sobe uma escadaria e vai ao setor administrativo da rede. Como um típico "gerente", passa de mesa em mesa e depois desce para o pátio onde ficam as bombas, seu local preferido. Lá, também costuma acompanhar o descarregamento dos caminhões de combustíveis.
"Nem precisa de cartão de ponto, ele nunca perde o horário. Ele é especial e traz alegria para todos nós aqui", diverte-se a empresária.
Roberta explica que Pernambuco merece o crachá que ganhou porque reconhece a rede de posto da qual é "funcionário". Isso porque ele apareceu na unidade que fica ao lado do aeroporto e foi sozinho para a outra, onde passa o dia, sem que ninguém o levasse. No caminho há um outro posto, de uma outra rede, mas lá ele nunca parou.
A ligação de Buco com os clientes é tão próxima que alguns até dão carona ao cão em seu trajeto diário. Para isso, basta o motorista abrir a porta do carro que Pernambuco já entra - ele sabe que essa é a senha para uma carona.
Pernambuco tem muitos amigos e é querido por todos que frequentam os postos da rede, mas com um deles a relação é especial.
Sidnei Rodrigues da Luz, o Nei, tem 46 anos, 25 deles dedicado à função de frentista no posto onde Buco é o "gerente". O cão é a principal companhia dele durante o horário de trabalho há sete anos.
"Ele é um bom gerente de pista, à noite ainda cuida do posto, todos aqui gostam dele. E tudo o que ele pede em troca é só o carinho que a gente dá. É um ótimo companheiro, um verdadeiro amigo fiel", diz o frentista.