Aquela que tem no significado do nome “"graciosa, cheia de graça", perguntou a mãe: Por que Quixaba é a Terra da Paixão? A mãe, ouviu em seu coração, silenciou e pensou consigo... Haverá de chegar o dia de explicar e este dia chegou.
E eis que o dia chegou, sexta-feira santa do ano de 2019.
A 21ª. Edição da Paixão de Cristo de Quixaba, a mim faz recordar a 1ª. Edição quando ali estava com José Wilson Uchoa que representando a Prefeitura Municipal de Aracati na gestão do Prefeito Zé Hamilton me convidou para ir com ele na manhã de sexta-feira para tratar assuntos relacionados ao espetáculo com a produção, ali, vi que nascia algo que vinha para ficar, e ficou...
Muitos anos e apresentações depois, eis que em 2019, ao voltar vejo que a minha profecia de duas décadas atrás se fizera real, este ano tinha o olhar sensível, poético, quase mágico do meu querido Márcio Rocha, um amigo que ao longo do tempo se tornou uma espécie de irmão e saber que ele estava na organização do espetáculo me fez saber que não faltaria emoção, e não faltou.
O Governo do Estado do Ceará, através da Casa Cívil, a gestão Bismarck Maia através da Secretaria de Cultura capitaneada pela sempre atuante Denise Pontes e o Sebrae estavam no patrocínio, instituições como Faculdade Vale do Jaguaribe, pousadas locais e outras empresas entraram como apoio, importantíssimo para que o espetáculo possa ter condições de ser plural... Iluminação, som e segurança estava perfeito.
Ao sair da estrada e pegar a outra que dá para a Terra da Paixão já se via um portal que acolhia os que ali se faziam presentes.
Para o espetáculo vale aquilo que diz:
O que você pensasse que tinha, tinha.
Tinha batismo? Tinha... Cenário bem trabalhado onde começara o espetáculo... A história conhecida do batismo feito por João Batista ali se traduzia de uma forma igual no texto, mas sempre nova na emoção.
Após o batismo a cena célebre do Sermão da Montanha, com o Pai Nosso em uma parte elevada da geografia, com uma vegetação exuberante que enriqueceu por demais a cena (sem contar a presença de um belo cachorro no cenário), ficou ainda mais bonito, os peludos também merecem o céu.
Cena seguinte belíssima, a Santa Ceia, onde ali no espaço havia um contraste de pedras e natureza em cactos que ficavam a frente, simplesmente mágica... A Eucaristia se fez, corpo e sangue, ali se fizera a mais linda celebração de humildade, o conhecido lava-pés... Dali, o visto como traidor até hoje, saíra para cumprir a missão que estava desde sempre escolhido... Em seguida uma cena rápida onde tramam a morte de cruz do Mestre e Modelo da humanidade.
Dali era andar, andar e andar, a multidão seguia para o local onde teríamos as cenas finais e mais emocionantes do espetáculo, a verdadeira Paixão, morte e Ressurreição.
A multidão ao chegar na Arena onde aconteceriam as múltiplas cenas era acolhida por instruções por demais necessárias para que todos pudessem assistir e bem, com toda segurança as cenas que viriam.
A legião romana de soldados entra na Arena aplaudidos, estava com um figurino de extremo bom gosto.
No trajeto de Jesus Cristo até seu momento de Paixão e Morte tem um momento muito significativo do espetáculo onde encontra com um homem sofrido, possuído por um espírito atormentado que se dizia ser Legião, ali é muito bem conduzido o momento que Jesus Cristo o liberta dos seus algozes, é sentido em muitos o quanto precisamos também nos libertar de tantas coisas que nos atormentam.
Cena seguinte Jesus Cristo vai ao Getsêmani, Jardim das Oliveiras com seus discípulos naquela noite que se prenunciava terrível, ali os discípulos dormem e ele vai fazer suas orações, onde diz a célebre frase: “Se possível afasta de mim este cálice”, tão pronunciada hoje por tantos de nós ao sentir as agruras do momento vivido, a direção do espetáculo se apropria de uma “licença poética” belíssima ao trazer um Anjo super bem caracterizado para animar o Mestre a dizer: “Que não seja feita a minha vontade, mas a Tua.”
Vem em seguida o momento do “beijo de Judas”, um caso sempre necessário de grandes reflexões, as quais, não cabem neste texto...
Os soldados romanos o prendem, Pedro corta a orelha do soldado romano, escuta a reprimenda do Mestre e de lá entram na Arena onde já se é sabido que vamos viver um dos, talvez o mais injusto da história da humanidade.
Ali, a direção do espetáculo teve o zelo de colocar em destaque as negativas de Pedro, aquele que disse que jamais o trairia, não tem como ver a cena e não pensarmos nas tantas vezes que também o traímos, algumas delas para chegar depressa a Igreja. Precisamos URGENTE aprender que “Igreja a gente leva na alma e se constroem com atos os seus altares.”
Ali, Jesus Cristo peregrina nos Palácios, são três, cada um mais belo que outro...
A produção do espetáculo merece muitos elogios pela forma como compôs estes cenários, espetaculares...
A história que ali se passa é por demais conhecida, as apresentações dos atores, louváveis... A cena de Cristo sendo torturado, sim torturado, no Palácio de Herodes faz lembrar daqueles que diz “Sou a favor da tortura, sim” e nos faz refletir como pessoas que se intitulam cristãs são capazes de alinhar-se com pessoas que defendem a tortura e homenageiam torturadores.
Dali, Jesus Cristo extremamente sofrido pela tortura vem em direção ao Calvário, antes encontra-se com sua mãe, uma cena belíssima.
Calvário!
Dor!
Sofrimento!
Um destaque muito especial, a cena que o soldado romano perfura o lado de Jesus Cristo com a lança, a tradição diz ser São Longuinho, confesso não poder afirmar, mas afirmo com todas as letras, foi a primeira vez que vi esta cena com a riqueza de detalhes, naquele momento acontece uma linda conversão e o soldado romano diz: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus”. A forma como este momento foi dirigido com aquele brilho que ficou no lado de Jesus Cristo foi por demais emocionante... Aplausos! Aplausos! Aplausos!
A morte chegava em instantes, Jesus Cristo ainda entrega Maria a João, e o discípulo a Mãe, antes de dizer... “Tudo está consumado, Pai em tuas mãos entrego meu espírito” e “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem.”
Vem a famosa cena de Pietá, sempre muito emocionante... cheia de significados...
O sepulcro, o encontro com Maria Madalena...
E para finalizar com maestria, após a Ressurreição, a Ascenção ao céu, entre as falésias e com a bela lua cheia de todas as sextas-feiras santas, nesta sexta-feira, um pouco tímida por conta das nuvens, mas deixando o mar da terra da Paixão prateado e lindo.
O grande público que participara em todos os momentos aplaudiam e muito este belo espetáculo, a XXI edição da Paixão de Cristo na Terra da Paixão.
A menina que havia perguntado a mãe o motivo deste nome agora já sabia o real sentido.
Certamente entre o enorme público e bem perto de nós, quem sabe, uma nova “agraciada” estava indo ao seu primeiro de muitos espetáculos...
“Eis que faço nova todas as coisas.”
Mas, isto já é uma outra história...
Ao ler o texto, sentir a mesma emoção em esta no espetaespe, lembrei de cada momento ao qual passei naquela peça em anos anteriores, e saber que cada espetáculo tudo so aumenta.
Ao ler o texto, sentir a mesma emoção em esta no espetaespe, lembrei de cada momento ao qual passei naquela peça em anos anteriores, e saber que cada espetáculo tudo so aumenta.
Belíssimo texto. Sinto nele um derramar de carinho. Mas também um olhar se quem entende do q fala: De arte e de amor. Obrigado amigo. Q estejamos juntos por mais e mais paixões.